segunda-feira, 23 de novembro de 2015

PARA MEDITAR

I. UM PROGRESSO NA REVELAÇÃO DIVINA

Chegando ao livro de Levítico precisamos primeiro ter uma ideia geral sobre a progressão da revelação divina. Todo estudante da Bíblia sabe que a revelação de Deus na Bíblia é progressiva. Deus não revela nada plenamente num só livro da Bíblia. Assim, não podemos ter uma visão completa da revelação de Deus em um só livro. A revelação divina progride de um estágio para outro, de um nível para outro, de um ponto para outro. Somente quando atingimos o último capítulo da Bíblia temos uma visão completa da revelação de Deus. A revelação divina na Bíblia avança continuamente. 

A Bíblia foi escrita ao longo de um período de mais de mil e quinhentos anos, começando no tempo de Moisés e terminando na época do Apóstolo João. Nesse longo período de tempo a revelação divina foi completada, e os livros da Bíblia foram, com o tempo, arranjados em uma sequencia significativa. Ao esboçar a progressão da revelação, precisamos seguir a sequencia da Bíblia. Consideremos agora como a revelação divina avança nos três primeiros livros da Bíblia—em Gênesis, Êxodo e Levítico.


A. Em Gênesis - A criação, por Deus, e a queda do homem


O livro de Gênesis revela a criação de Deus e a queda do homem. Segundo Gênesis, o homem caiu, passo a passo: de Deus para a consciência, da consciência para o governo humano, e do governo humano para a rebelião. Nessa rebelião o homem abandonou Deus e voltou-se para a adoração de ídolos. Depois de se rebelar contra Deus em Babel, Deus desistiu da raça criada; entretanto, Ele não poderia e não abandonou Seu propósito. Portanto, depois de desistir da raça criada, Deus chamou uma nova raça, uma raça eleita, começando com Abraão. (...) 


O mundo de hoje é a expressão da queda do homem ao seu máximo, pois o mundo é a expressão definitiva e culminante dos passos da queda do homem. O primeiro versículo de Gênesis diz, “ No princípio criou Deus o céu e a terra 2 ,” e o último verso nos conta, de José, que “puseram-no num caixão no Egito” (50:26). No primeiro versículo temos a criação, por Deus, e, no último, temos o resultado de todos os passos da queda do homem—um homem posto em um caixão no Egito. Essa é a clara revelação em Gênesis.


B. Em Êxodo - A salvação de Deus e a edificação de Sua habitação


O livro de Êxodo revela a salvação de Deus e a edificação de Sua habitação. Sim, o homem criado por Deus caiu, e o homem eleito e chamado por Deus também. Mas Deus é Deus, e Ele não ficou desapontado. Nada pode detê-Lo ou anular Seu propósito. Depois de o homem ter caído até o extremo, Deus veio para resgatar o homem caído. Após redimir Seu povo caído, Deus os trouxe a um lugar onde


Ele os edificou em conjunto para serem Seu lugar de habitação na terra. Assim, em Êxodo vemos duas coisas principais — A redenção realizada por, e a habitação de Deus. A palavra êxodo significa “o caminho de saída”. O que vemos no livro de Êxodo é a caminho para sair da situação caída do homem. Gênesis termina com um homem num caixão no Egito, mas em Êxodo existe a via de saída para fora do caixão, para fora da caixa de morte. Essa via de saída envolve a redenção por Deus. A redenção por Deus é nos trazer para fora do caixão e de volta para Si mesmo. 

Em Êxodo aqueles que haviam sido trazidos de volta para Deus foram encarregados de edificar um tabernáculo, um lugar de habitação para Deus. Isso indica que Deus é capaz não apenas de trazer o homem caído para fora da morte, mas também de usar o homem para edificar um lugar de habitação para Si na terra. Enquanto que no final de Gênesis há um caixão contendo um cadáver, ao final de Êxodo há um tabernáculo contendo o Deus vivo. Que grande avanço é isso! 



C. Em Levítico - a adoração e o viver dos redimidos

Em Levítico temos a adoração e o viver dos redimidos. Não deveríamos seguir o entendimento vulgar de adoração. Segundo o entendimento comum, adorar é curvar-se ou manter um serviço com rituais. Isso, entretanto, não é a denotação de adoração na Bíblia. Na Bíblia, adoração denota nosso contato com Deus para desfrutar uma porção com Deus para nossa comunhão com ele. Em Levítico, adoração é uma questão de contatar Deus por desfrutar uma porção comum com Ele. O resultado disso é comunhão com Ele e de uns com os outros em Sua presença. Fazer isso é adorar a Deus. Por muitos anos temos tentado praticar esse tipo de adoração. 


Entretanto, devo dizer com honestidade que não temos sido muito bem sucedidos. Parece que, de nascença nós temos o conceito de adoração religiosa. Além do mais, muitos de nós fomos criados em um ambiente de adoração religiosa e aprendemos a praticar tal adoração. Com o tempo, a adoração religiosa se tornou parte de nosso ser. Isso tem nos impedido de ter o tipo de adoração revelado na Bíblia. Acerca de adoração, precisamos de uma mudança de conceito. Quando quer que nos reunamos, devemos ter um tipo de louvor que seja uma questão de contatar Deus por desfrutar Cristo como nossa porção comum com Deus e de uns com os outros. 


Se tivermos tal entendimento de adoração, quando vermos a uma reunião certamente teremos a experiência e desfrute de Cristo que temos em nossa vida diária. Podemos fazer isso por louvar, por orar, ou por dar nosso testemunho. Precisamos descartar a maneira religiosa e tradicional de adoração, e praticar a maneira bíblica, que é retratada nas festas. Nas festas não havia adoração religiosa. Ao invés, havia o desfrute das coisas que o povo oferecia a Deus. Eles desfrutavam essas ofertas com Deus e uns com os outros. Precisamos ter uma adoração que é viva, real, e rica em Cristo. Esse tipo de adoração exige que experienciemos e desfrutemos Cristo a cada dia. Exige também que exercitemos nosso espírito para liberar o que houver de Cristo em nosso espírito para que possamos compartilhá-Lo com os outros santos. Em tal louvor Deus desfruta Cristo, e nós também O desfrutamos. Esse é um aspecto da revelação divina no livro de Levítico.


Suponhamos que numa reunião nós contatemos Deus pelo desfrutar Cristo como nossa porção comum com Deus e de uns com os outros. Depois de tal reunião seremos santos, pois o resultado de tal tipo de reunião é uma vida diária santa. Então não seremos somente adoradores santos; seremos também um povo santo vivendo uma vida diária santa. Isso é parte do avanço a revelação divina em Levítico. Segundo o avanço da revelação divina em Gênesis, Êxodo e Levítico, nós passamos através da criação, da queda para a redenção, e da redenção para a habitação de Deus, onde adoramos a Deus por contatá- Lo com Cristo como nossa porção e desfrutando essa porção com Ele e uns com os outros. Dessa adoração resultará um viver santo em nossa vida diária. Portanto, em Levítico Deus tem não apenas uma habitação na terra; Ele tem também um povo adorando-O, um povo um povo contatando-O e desfrutando o Seu Cristo como uma porção comum com Ele e uns com os outros, com o resultado de viverem uma vida santa para expressar Deus. Isso é, certamente um avanço da revelação divina.


II. UMA COMPARAÇÃO

Avancemos agora para fazer uma comparação entre certos aspectos de Êxodo e Levítico.

A. Deus falando no Monte Sinai e Deus falando no tabernáculo

Há algumas diferenças significativas entre Êxodo e Levítico. A primeira diferença que indicaríamos diz respeito ao lugar de Deus falar. Em Êxodo Deus falou no monte Sinai, uma montanha nua; em Levítico Deus fala no tabernáculo, que é uma edificação. A esta altura precisamos fazer uma pergunta: Onde está Deus no livro de Levítico? Em Gênesis Deus está, falando de modo geral, nos céus. Algumas vezes Ele veio à terra para uma visita, mas depois retornou para os céus. Em Êxodo Deus estava no Monte Sinai. Em Levítico Deus está no tabernáculo, na tenda do encontro. Em Gênesis Deus estava nos céus. Em Êxodo Deus desceu para permanecer no Monte Sinai e fazer um trabalho para edificar Sua habitação na terra. 

No último capítulo de Êxodo, o tabernáculo foi erigido, e a mobília foi posta em ordem dentro dele. Então Deus entrou no tabernáculo para morar nele. Agora em Levítico Deus está no tabernáculo, que é a tenda do encontro, e fala na tenda do encontro. 

O primeiro e o último versículos de Levítico indicam que o livro inteiro é um registro do falar de Deus. O falar que começou em 1:1 ocorreu não nos céus nem no Monte Sinai, mas no tabernáculo. O falar de Deus hoje é também em Seu tabernáculo, e Seu tabernáculo é a igreja. De acordo com o principio da tipologia, aqui, Deus fala na igreja como Seu tabernáculo, a tenda do encontro. Essa tenda do encontro é o oráculo, o lugar do falar de Deus. Na igreja Deus está sempre falando. Até que ponto uma congregação é a igreja em realidade e prática depende de quanto falar de Deus existe ali. Se um certo grupo não tem o falar de Deus, é difícil considerar tal grupo como a igreja. Segundo a tipologia onde a tenda do encontro estivesse, ali estava o falar de Deus. 

Os filhos de Israel acampavam em milhares de tendas, mas o falar de Deus estava apenas em uma tenda, uma tenda singular—a tenda do encontro. O sinal único da tenda do encontro era o falar de Deus. A tenda em si e todo o seu mobiliário poderiam ser copiados ou imitados, mas isso não é verdade acerca do falar de Deus. O falar de Deus não pode ser imitado, copiado ou duplicado. O principio é o mesmo hoje. Muitas coisas na igreja podem ser imitadas, copiadas e duplicadas, por outros. Mas uma coisa não pode ser imitada, e essa coisa é o falar de Deus. O falar de Deus é singular. Depende tão somente de Deus, e não do homem. 


Suponhamos que um dia Aarão se tronasse insatisfeito com Moisés, que liderava na tenda do encontro, e ajuntasse um grupo de israelitas e fizesse um outro tabernáculo. Em tudo o que é aparente, o tabernáculo de Aarão era uma duplicata do original. Nas cores, nos materiais, no projeto e na qualidade da mão de obra, os dois tabernáculos seriam idênticos. Se estivesse lá, que tabernáculo teria frequentado - o estabelecido por Moises, ou o estabelecido por Aarão? Você pode dizer, “Eu nunca iria ao tabernáculo de Aarão; eu iria somente ao tabernáculo de Moises.” Essa resposta está errada. 


A maneira correta de responder a essa pergunta é dizer: “Eu nunca iria a um tabernáculo onde não há o falar de Deus. Eu somente iria a um tabernáculo onde Deus fala. Na realidade eu não iria ao tabernáculo - eu iria ao falar de Deus. Sem o falar de Deus, o tabernáculo não significa.” 


A preciosidade do tabernáculo não estava no ouro que havia nele. Havia muito mais ouro no Egito do que no tabernáculo. A preciosidade do tabernáculo era o falar de Deus. O mesmo é verdade acerca da igreja hoje. A preciosidade da igreja é o falar de Deus, ou, melhor dizendo o Deus que fala! Louvemos o Senhor, porque na igreja nós temos o falar de Deus! Esse falar é um tesouro para nós.

Fonte.: Estudo-Vida de Levítico,  páginas de 1-4, Witness Lee, Editora Living Stream Ministry, traduzido do inglês.

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